CICLO DO NATAL:
MISTÉRIO DA ENCARNAÇÃO
Celebração: TEMPO DO NATAL
Natividade e imposição do Nome de Jesus
O tempo do
Natal começa com as primeiras vésperas do natal, a 24 de dezembro, e termina
com a Oitava do Natal, que lembra a Circuncisão e imposição do Nome de Jesus.
Até princípios
do século III, a festa do Natal era celebrada, no Oriente, a 6 de janeiro, como
início das manifestações de Jesus. Em Roma, fixou-se no Natal no dia 25 de
dezembro, e isso já na primeira metade do século IV; quando aí foi introduzido,
com toda probabilidade ignorava-se a comemoração oriental. Escolheu-se em Roma
o dia 25 de dezembro com o intuito de afastar os fiéis do perigo de idolatria,
pois esse dia era consagrado, com grandes pompas, ao deus Mitra, o “Sol
Invicto”.
COMENTÁRIO
DOGMÁTICO. – O Tempo do Natal celebra o mistério da Encarnação nas várias
manifestações de Jesus ao mundo. Nos vinte dias desse período, a Igreja
comemora as várias etapas da infância e vida oculta do Salvador: a Natividade
(25 de dezembro), a Circuncisão (na Oitava, a 1º de janeiro – no antigo
calendário litúrgico, atualmente é a Festa de Santa Maria Mãe de Deus), o
encontro com Simeão e Ana (domingo depois do Natal – também no calendário
anterior a Reforma Litúrgica), e a fuga para o Egito ( 28 de dezembro, Festa
dos Santos Inocentes).
ENSINAMENTO
ASCÉTICO. – Os exemplos do Menino Jesus
nos animam à pobreza de espírito e ao
desapego das vaidades e glórias do mundo; movem-nos à mortificação com a fuga
das comodidades e prazeres corporais; arrastam-nos enfim à união íntima da inteligência, da vontade e do coração com Jesus
Cristo.
Os
mistérios do Natal apresentam-se, diante de nós, com caráter profundamente
familiar: Deus é nosso Pai, Maria é nossa Mãe, e Jesus é nosso irmão maior. A
convicção de que Deus mora em nós, e nós vivemos nele, de que a nossa
santificação se efetua com os atos normais e simples da vida diária, devem
suscitar em nós o espírito de completo e total abandono em Deus e de infância
espiritual. Ao mistério da Encarnação devemos corresponder com fé inabalável, amor ilimitado e gratidão
filial.
CARÁTER
LITÚRGICO. – A nota predominante do Tempo do Natal é a alegria, que os anjos anunciaram aos pastores e que o hino próprio
do Natal, o Glória in excelsis, canta
expressivamente.
Sentimo-nos elevados com as
melodias e funções desse dia sagrado, e com a cena singela e comovente do
presépio, ideia feliz se São Francisco de Assis, que o inaugurou pela primeira
vez em 1223.
(Fonte: Missal Romano Cotidiano, Edições
Paulinas, 1964, pág. 77)
A DIVINA MATERNIDADE
DE MARIA VIRGEM
O Natal é a
verdadeira festa da divina Maternidade, lembrada também a 1.º de janeiro e festejada a 11 de outubro (grifo nosso: antigo
calendário litúrgico).
Jesus
Cristo nasceu de Maria Virgem, a qual, por isso, se chama e é a verdadeira Mãe
de Deus. Como a mulher é chamada e é verdadeira mãe da pessoa do filho, mesmo
não lhe comunicando a alma (criada imediatamente por Deus), mas somente o
corpo, assim a Virgem, dando a matéria corporal ao Verbo, por obra do Espírito
Santo (o qual conferiu ao seio da Virgem a fecundidade, sem a intervenção do
homem), tornou-se a verdadeira Mãe de Deus.
(Fonte: Missal Romano Cotidiano,
Edições Paulinas, 1964, pág. 83)
A ENCARNAÇÃO
A segunda
Pessoa da SS. Trindade, isto é, o Filho, encarnou-se e se fez homem para nos
salvar, a saber, para nos remir do pecado e reconquistar-nos o Paraíso.
Jesus Cristo
fez-se homem tomando um corpo e uma alma, como temos nós, no seio puríssimo de
Maria Virgem, por obra do Espírito Santo. Ele fazendo-se homem, não deixou de
ser Deus, mas permanecendo verdadeiro Deus, começou a ser também verdadeiro
homem.
(Fonte: Missal Romano Cotidiano,
Edições Paulinas, 1964, pág. 87)
OS FRUTOS DO NATAL
O mistério do
Natal é um admirável comércio entre a divindade e a humanidade. Primeiro
comércio: o homem oferece ao Filho de Deus sua natureza humana e o Verbo recebe
esta natureza que assume e une a si, numa união pessoal. Segundo comércio:
Jesus torna o homem participante de sua natureza divina e o torna filho de
Deus.
Por
isso, no homem há duas vidas: a vida natural e a vida sobrenatural da graça que
eleva e aperfeiçoa a natural.
A
Encarnação torna-nos Deus visível em todas as suas perfeições: e nós o podemos
ouvir e imitar; torna Deus passível, capaz de expiar os nossos pecados com seus
sofrimentos e de curar-nos com suas humilhações.
Jesus
“nasce num estábulo do Belém e ergue o próprio trono e a própria cátedra numa
manjedoura. Deste lugar o Salvador condena o fausto, a soberba, a sensualidade”
(Cardeal Schuster) e cura o nosso
orgulho com sua obediência e humildade; nossa ambição de riqueza com
sua pobreza, nossa concupiscência da
carne com sua penitência, mortificação e pureza.
(Fonte: Missal Romano Cotidiano,
Edições Paulinas, 1964, pág. 92)
OS BENEFÍCIOS DA
REDENÇÃO
O
homem foi criado num estado feliz com o altíssimo destino de ver e gozar eternamente a Deus, com o dom da graça santificante e com os outros dons superiores à natureza
humana. Esses dons são: a isenção da ignorância (ciência infusa), a isenção das fraquezas e misérias morais,
causadas pelas paixões desregradas (integridade),
a isenção das dores e das enfermidades (impassibilidade)
e a isenção da necessidade de morrer (imortalidade).
Todos
estes dons foram condicionados a uma prova. Adão e Eva, provando o fruto
proibido, cometeram um grave pecado de soberba e desobediência; despojaram-se a
si mesmos e a todos os homens da graça e de todos os outros dons sobrenaturais,
sujeitando-os ao pecado, ao demônio, à morte, à ignorância, às más inclinações
e a todas as outras misérias e excluindo-os do paraíso.
A
obra da Encarnação e da Redenção, realizada somente
por amor por Jesus Cristo e (secundariamente) por Maria SS., reergueu o
homem do pecado e o recolocou, de certo modo, num estado melhor do que anterior
à queda. De fato, tornou o homem filho de Deus, irmão de Jesus Cristo e
herdeiro do paraíso, e restituiu-lhe a graça santificante, com cortejo das
virtudes infusas e dos dons do Espírito Santo e das graças atuais. Mas a
Redenção não restitui logo ao homem os dons pré-naturais: a ciência e a
integridade, que ele pode conseguir de modo progressivo, a impassibilidade e a
imortalidade, reservadas à vida eterna.
Nas
enfermidades, nas provações e na luta contra a concupiscência temos muitas ocasiões
para imitar os exemplos de Jesus, adquirir as virtudes e aumentar os méritos
para o paraíso.
(Fonte: Missal Romano Cotidiano,
Edições Paulinas, 1964, pág. 96)
O BATISMO
A
Circuncisão, que na Antiga Lei purificava do pecado, era figura do Batismo.
O
Batismo é o sacramento que nos faz cristãos, isto é, seguidores de Jesus
Cristo, filhos de Deus, membros da Igreja e herdeiros do Paraíso. Além disso
perdoa o pecado original e os atuais (se
houver), com toda dívida de pena, confere a primeira graça santificante e
a graça sacramental, infunde as virtudes sobrenaturais e os dons do Espírito
Santo, imprimir o caráter e torna capaz de receber os outros Sacramentos.
Matéria do Batismo é a água natural,
benta no Sábado Santo. Confere-se o Batismo derramando (por três vezes) a água
na cabeça do batizando e dizendo ao mesmo tempo as palavras (forma): “Eu te batizo em nome do Pai e
do Filho e do Espírito Santo”.
O Ministro ordinário do Batismo solene é o
sacerdote, o extraordinário é o Diácono; mas em caso de necessidade, isto é, em
perigo de morte, qualquer pessoa (mesmo herege e infiel), pode e deve batizar,
contanto que tenha a intenção de fazer o que faz a Igreja.
A criança deve
ser batizada dentro de oito ou dez dias depois do nascimento.
(Fonte: Missal Romano Cotidiano,
Edições Paulinas, 1964, pág. 113)