domingo, 23 de dezembro de 2012

CICLO DO NATAL: MISTÉRIO DA ENCARNAÇÃO


CICLO DO NATAL: MISTÉRIO DA ENCARNAÇÃO


Celebração: TEMPO DO NATAL

Natividade e imposição do Nome de Jesus

O tempo do Natal começa com as primeiras vésperas do natal, a 24 de dezembro, e termina com a Oitava do Natal, que lembra a Circuncisão e imposição do Nome de Jesus.
Até princípios do século III, a festa do Natal era celebrada, no Oriente, a 6 de janeiro, como início das manifestações de Jesus. Em Roma, fixou-se no Natal no dia 25 de dezembro, e isso já na primeira metade do século IV; quando aí foi introduzido, com toda probabilidade ignorava-se a comemoração oriental. Escolheu-se em Roma o dia 25 de dezembro com o intuito de afastar os fiéis do perigo de idolatria, pois esse dia era consagrado, com grandes pompas, ao deus Mitra, o “Sol Invicto”.
COMENTÁRIO DOGMÁTICO. – O Tempo do Natal celebra o mistério da Encarnação nas várias manifestações de Jesus ao mundo. Nos vinte dias desse período, a Igreja comemora as várias etapas da infância e vida oculta do Salvador: a Natividade (25 de dezembro), a Circuncisão (na Oitava, a 1º de janeiro – no antigo calendário litúrgico, atualmente é a Festa de Santa Maria Mãe de Deus), o encontro com Simeão e Ana (domingo depois do Natal – também no calendário anterior a Reforma Litúrgica), e a fuga para o Egito ( 28 de dezembro, Festa dos Santos Inocentes).
            ENSINAMENTO ASCÉTICO.  – Os exemplos do Menino Jesus nos animam à pobreza de espírito e ao desapego das vaidades e glórias do mundo; movem-nos à mortificação com a fuga das comodidades e prazeres corporais; arrastam-nos enfim à união íntima da inteligência, da vontade e do coração com Jesus Cristo.
            Os mistérios do Natal apresentam-se, diante de nós, com caráter profundamente familiar: Deus é nosso Pai, Maria é nossa Mãe, e Jesus é nosso irmão maior. A convicção de que Deus mora em nós, e nós vivemos nele, de que a nossa santificação se efetua com os atos normais e simples da vida diária, devem suscitar em nós o espírito de completo e total abandono em Deus e de infância espiritual. Ao mistério da Encarnação devemos corresponder com inabalável, amor ilimitado e gratidão filial.
            CARÁTER LITÚRGICO. – A nota predominante do Tempo do Natal é a alegria, que os anjos anunciaram aos pastores e que o hino próprio do Natal, o Glória in excelsis, canta expressivamente.
Sentimo-nos elevados com as melodias e funções desse dia sagrado, e com a cena singela e comovente do presépio, ideia feliz se São Francisco de Assis, que o inaugurou pela primeira vez em 1223.
             

(Fonte: Missal Romano Cotidiano, Edições Paulinas, 1964, pág. 77)









A DIVINA MATERNIDADE DE MARIA VIRGEM

O Natal é a verdadeira festa da divina Maternidade, lembrada também a 1.º de janeiro e festejada a 11 de outubro (grifo nosso: antigo calendário litúrgico).
            Jesus Cristo nasceu de Maria Virgem, a qual, por isso, se chama e é a verdadeira Mãe de Deus. Como a mulher é chamada e é verdadeira mãe da pessoa do filho, mesmo não lhe comunicando a alma (criada imediatamente por Deus), mas somente o corpo, assim a Virgem, dando a matéria corporal ao Verbo, por obra do Espírito Santo (o qual conferiu ao seio da Virgem a fecundidade, sem a intervenção do homem), tornou-se a verdadeira Mãe de Deus.


(Fonte: Missal Romano Cotidiano, Edições Paulinas, 1964, pág. 83)





A ENCARNAÇÃO

A segunda Pessoa da SS. Trindade, isto é, o Filho, encarnou-se e se fez homem para nos salvar, a saber, para nos remir do pecado e reconquistar-nos o Paraíso.
Jesus Cristo fez-se homem tomando um corpo e uma alma, como temos nós, no seio puríssimo de Maria Virgem, por obra do Espírito Santo. Ele fazendo-se homem, não deixou de ser Deus, mas permanecendo verdadeiro Deus, começou a ser também verdadeiro homem.
Em Jesus Cristo há duas naturezas: a natureza divina e a natureza humana, unidas na única pessoa divina (união pessoa ou hipostática) do Filho de Deus. Ele, tendo a natureza divina e a natureza humana, opera como verdadeiro Deus e verdadeiro homem. Jesus Cristo, como Deus, sempre existiu: como homem começou a existir no momento da concepção.


(Fonte: Missal Romano Cotidiano, Edições Paulinas, 1964, pág. 87)




OS FRUTOS DO NATAL

O mistério do Natal é um admirável comércio entre a divindade e a humanidade. Primeiro comércio: o homem oferece ao Filho de Deus sua natureza humana e o Verbo recebe esta natureza que assume e une a si, numa união pessoal. Segundo comércio: Jesus torna o homem participante de sua natureza divina e o torna filho de Deus.
            Por isso, no homem há duas vidas: a vida natural e a vida sobrenatural da graça que eleva e aperfeiçoa a natural.
            A Encarnação torna-nos Deus visível em todas as suas perfeições: e nós o podemos ouvir e imitar; torna Deus passível, capaz de expiar os nossos pecados com seus sofrimentos e de curar-nos com suas humilhações.
            Jesus “nasce num estábulo do Belém e ergue o próprio trono e a própria cátedra numa manjedoura. Deste lugar o Salvador condena o fausto, a soberba, a sensualidade” (Cardeal Schuster) e cura o nosso orgulho com sua obediência e humildade; nossa ambição de riqueza com sua pobreza, nossa concupiscência da carne com sua penitência, mortificação e pureza.


(Fonte: Missal Romano Cotidiano, Edições Paulinas, 1964, pág. 92)



OS BENEFÍCIOS DA REDENÇÃO

            O homem foi criado num estado feliz com o altíssimo destino de ver e gozar eternamente a Deus, com o dom da graça santificante e com os outros dons superiores à natureza humana. Esses dons são: a isenção da ignorância (ciência infusa), a isenção das fraquezas e misérias morais, causadas pelas paixões desregradas (integridade), a isenção das dores e das enfermidades (impassibilidade) e a isenção da necessidade de morrer (imortalidade).
            Todos estes dons foram condicionados a uma prova. Adão e Eva, provando o fruto proibido, cometeram um grave pecado de soberba e desobediência; despojaram-se a si mesmos e a todos os homens da graça e de todos os outros dons sobrenaturais, sujeitando-os ao pecado, ao demônio, à morte, à ignorância, às más inclinações e a todas as outras misérias e excluindo-os do paraíso.
            A obra da Encarnação e da Redenção, realizada somente por amor por Jesus Cristo e (secundariamente) por Maria SS., reergueu o homem do pecado e o recolocou, de certo modo, num estado melhor do que anterior à queda. De fato, tornou o homem filho de Deus, irmão de Jesus Cristo e herdeiro do paraíso, e restituiu-lhe a graça santificante, com cortejo das virtudes infusas e dos dons do Espírito Santo e das graças atuais. Mas a Redenção não restitui logo ao homem os dons pré-naturais: a ciência e a integridade, que ele pode conseguir de modo progressivo, a impassibilidade e a imortalidade, reservadas à vida eterna.
            Nas enfermidades, nas provações e na luta contra a concupiscência temos muitas ocasiões para imitar os exemplos de Jesus, adquirir as virtudes e aumentar os méritos para o paraíso.


(Fonte: Missal Romano Cotidiano, Edições Paulinas, 1964, pág. 96)


O BATISMO
            A Circuncisão, que na Antiga Lei purificava do pecado, era figura do Batismo.
            O Batismo é o sacramento que nos faz cristãos, isto é, seguidores de Jesus Cristo, filhos de Deus, membros da Igreja e herdeiros do Paraíso. Além disso perdoa o pecado original e os atuais (se  houver), com toda dívida de pena, confere a primeira graça santificante e a graça sacramental, infunde as virtudes sobrenaturais e os dons do Espírito Santo, imprimir o caráter e torna capaz de receber os outros Sacramentos.
            Matéria do Batismo é a água natural, benta no Sábado Santo. Confere-se o Batismo derramando (por três vezes) a água na cabeça do batizando e dizendo ao mesmo tempo as palavras (forma): “Eu te batizo em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo”.
O Ministro ordinário do Batismo solene é o sacerdote, o extraordinário é o Diácono; mas em caso de necessidade, isto é, em perigo de morte, qualquer pessoa (mesmo herege e infiel), pode e deve batizar, contanto que tenha a intenção de fazer o que faz a Igreja.
A criança deve ser batizada dentro de oito ou dez dias depois do nascimento.


(Fonte: Missal Romano Cotidiano, Edições Paulinas, 1964, pág. 113)

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