quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

O desejo do coração do Papa


“Estudai o catecismo! Esse é o meu desejo, de coração.” – Bento XVI.
Em diversas ocasiões, dirigindo-se às mais variadas classes de fiéis, o Papa Bento XVI tem insistido reiteradamente sobre a necessidade de que nos dediquemos ao estudo do Catecismo da Igreja Católica, promulgado pelo Bem-Aventurado João Paulo II em 1992, um compêndio seguro da fé, onde“sobressai a riqueza de doutrina que a Igreja acolheu, guardou e ofereceu durante os seus dois mil anos de história. Desde a Sagrada Escritura aos Padres da Igreja, desde os Mestres de teologia aos Santos que atravessaram os séculos, o Catecismo oferece uma memória permanente dos inúmeros modos em que a Igreja meditou sobre a fé e progrediu na doutrina para dar certeza aos crentes na sua vida de fé” (Carta Apostólica Porta Fidei, n. 11).
Por enumerar alguns exemplos, copio abaixo algumas destas exortações do Santo Padre, com o firme desejo de que encontrem eco na vida dos fiéis que pretendem sentire cum Ecclesia, caminhando ao passo do Sucessor de Pedro, rocha firme da fé!
A verdade supõe um conhecimento claro da mensagem de Jesus, transmitida graças a uma compreensível linguagem inculturada, mas necessariamente fiel à proposta do Evangelho. Nos tempos atuais é urgente um conhecimento adequado da fé, como está bem sintetizada no Catecismo da Igreja Católica com o seu Compêndio.
Do Prefácio do Catecismo para Jovens, do Papa Bento XVI:
Por isso, peço-vos: estudai o catecismo com paixão e perseverança! Sacrificai o vosso tempo para isso! Estudai-o no silêncio do vosso quarto, leiai-o em duplas, se sois amigos, formais grupos e redes de estudo, trocai ideias pela Internet. Permanecei, de todos os modos, em diálogo sobre a vossa fé!
(…)
Para chegar a um conhecimento sistemático da fé, todos podem encontrar um subsídio precioso e indispensável no Catecismo da Igreja Católica. Este constitui um dos frutos mais importantes do Concílio Vaticano II. Na Constituição Apostólica Fidei depositum – não sem razão assinada na passagem do trigésimo aniversário da abertura do Concílio Vaticano II – o Beato João Paulo II escrevia: «Este catecismo dará um contributo muito importante à obra de renovação de toda a vida eclesial (…). Declaro-o norma segura para o ensino da fé e, por isso, instrumento válido e legítimo ao serviço da comunhão eclesial» (João Paulo II, Const. ap. Fidei depositum (11 de Outubro de 1992): AAS 86 (1994), 115 e 117).
Do Motu Proprio Porta Fidei, do Papa Bento XVI:
É precisamente nesta linha que o Ano da Fé deverá exprimir um esforço generalizado em prol da redescoberta e do estudo dos conteúdos fundamentais da fé, que têm no  Catecismo da Igreja Católica a sua síntese sistemática e orgânica.
(…)
Assim, no Ano em questão, o Catecismo da Igreja Católica poderá ser um verdadeiro instrumento de apoio da fé, sobretudo para quantos têm a peito a formação dos cristãos, tão determinante no nosso contexto cultural. Com tal finalidade, convidei a Congregação para a Doutrina da Fé a redigir, de comum acordo com os competentes Organismos da Santa Sé, uma Nota, através da qual se ofereçam à Igreja e aos crentes algumas indicações para viver, nos moldes mais eficazes e apropriados, este Ano da Fé ao serviço do crer e do evangelizar.
Da Nota com indicações pastorais para o Ano da Fé, da CDF, escrita a pedido do Papa Bento XVI:
Para todos os crentes, o Ano da Fé oferecerá uma ocasião favorável para aprofundar o conhecimento dos principais Documentos do Concílio Vaticano II e o estudo do Catecismo da Igreja Católica.
(…)
Será útil favorecer a republicação dos Documentos do Concílio Vaticano II, do Catecismo da Igreja Católica e do seu Compêndio, também em edições de bolso e econômicas, e a sua maior difusão possível com a ajuda dos meios eletrônicos e das tecnologias modernas.
(…)
Os sacerdotes poderão dedicar maior atenção ao estudo dos Documentos do Concílio Vaticano II e do Catecismo da Igreja Católica, tirando daí fruto para a pastoral paroquial.
(…)
Os catequistas poderão haurir sobremaneira da riqueza doutrinal do Catecismo da Igreja Católica e guiar, sob a responsabilidade dos respectivos párocos, grupos de fiéis à leitura e ao aprofundamento deste precioso instrumento.
(…)
Deseja-se que nas paróquias haja um empenho renovado na difusão e na distribuição do Catecismo da Igreja Católica.



Caríssimos leitores, demonstrando nossa submissão filial ao Papa Bento XVI, Gloriosamente Reinante, e nossa sintonia com seu pastoreio seguro fizemos este blog justamente para, também expressarmos o desejo de nossos corações católicos...

Salve Maria Imaculada! Viva a Cristo na Hóstia Sagrada!

Fonte: http://www.padredemetrio.com.br/2012/01/o-desejo-do-coracao-do-papa/

segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

Feliz 2012!

Feliz 2012, do Ano da Fé de Nosso Senhor!

Este é o ano! O Ano da Fé. O ano da graça para nós, pois é nele que vivemos, nele compartilhamos as alegrias e tristezas do viver.

Alguns dizem que trata-se do “fim dos tempos”. Bom, caso seja, vivamos como se o Salvador Jesus Cristo viesse, em sua segunda vinda, para finalmente julgar os vivos e os mortos. Vivamos este novo ano com o verdadeiro ardor cristão, que a Santa Mãe Igreja nos ensina. Não sejamos obscurecidos pela relativização da fé e das verdades evangélicas e, principalmente, pelo escarnecimento do amor e sacrifício de Cristo.

Que este seja, realmente, um ano que nos inspire maiores realizações. Não maiores estardalhaços ou busca de realização pessoal somente, mas sim um puro desejo de alcançarmos as santas virtudes cristãs e, purificados, alcancemos a Santa Paz.

Disse-nos tão sabiamente o Vigário de Cristo, Papa Bento XVI, na Solenidade da Santa Mãe de Deus: Deus é amor, é justo e pacífico, e aqueles que querem honrá-Lo devem, em primeiro lugar, comportar-se como um filho que segue o exemplo de seu pai”. Portanto, se queremos bem cumprir o Princípio-Fundamento de nossas vidas, sejamos aqueles que querem resplandecer essa justiça e esse amor.

Escrevamos na tábua de nossas vidas e na carne de nossos corações o profundo propósito de amar ainda mais Nosso Senhor Jesus Cristo, Sua Santíssima Mãe e nossa puríssima mãe a Igreja Católica Apostólica Romana. Seja este o nosso propósito! Entregando-nos com mais firmeza às coisas celestes e contando que Divina Providência nos auxilie, nos dando todo o mais por acréscimo.

Só isso queiramos. Amar a Deus sobre todas as coisas, de todo o coração e de toda a nossa alma.

Feliz 2012! Feliz Ano da Fé!

sábado, 24 de dezembro de 2011

V. Et Verbum caro factum est. R. Et habitavit in nobis. (Jo 1, 14)

"No Natal, o nosso espírito abre-se à esperança, ao contemplar a glória divina escondida na pobreza de um Menino envolvido em panos e reclinado numa manjedoura: é o Criador do Universo, reduzido à impotência de um recém-nascido! Aceitar este paradoxo, o paradoxo do Natal, é descobrir a Verdade que liberta, o Amor que transforma a existência. Na Noite de Belém, o Redentor faz-Se um de nós, para ser nosso companheiro nas estradas insidiosas da História. Acolhamos a mão que Ele nos estende: é uma mão que não nos quer tirar nada, mas apenas dar." (Papa Bento XVI, mensagem Urbi et Orbi, 25 de dezembro de 2005).

Pode haver ser humano mais frágil do que uma criança, habitação mais simples do que uma gruta e berço mais precário do que uma manjedoura? Quão sublime atmosfera envolvia aquele cenário paupérrimo! O ambiente no qual nasceu o Menino Deus devia estar tão tomado pelo sobrenatural que, se alguém tivesse a dita de entrar naquela gruta, ficaria imediatamente arrebatado por toda sorte de graças.
Entretanto, a Criança que contemplamos deitada sobre palhas na gruta de Belém haveria de alterar completamente o rumo dos acontecimentos terrenos. Não é por acaso que se contam os anos a partir do Nascimento de Cristo, pois Ele, realmente, divide a História em duas vertentes. Antes d'Ele a humanidade era uma e depois passou a ser diametralmente outra. São duas histórias. Quase poderíamos afirmar serem dois universos! Cristo era o Varão prometido a Adão logo depois de sua queda, o Messias anunciado durante séculos pelos profetas. Mas a realidade transcendeu qualquer imaginação humana: quem poderia excogitar que Ele seria o próprio Deus encarnado?

Considerando as imponentes manifestações da natureza que acompanhavam as intervenções de Deus no antigo Testamento - o mar se abre, o monte fulmega, o fogo cai do céu e reduz cidades a cinzas -, resulta surpreendente constatar a humildade e discrição com que Cristo veio ao mundo. Não teria sido mais condizente com a grandeza divina que, na noite de Natal, sinais magníficos marcassem o acontecimento no Céu e na Terra? Não poderia, ao menos, ter nascido Jesus num magnífico palácio e convocado os maiores potentados da Terra para prestar-Lhe homenagens? Bastar-Lhe-ia um simples ato de vontade para que isso acontecesse...
Mas, não! O Verbo preferiu a gruta a um palácio: quis ser adorado por pobres pastores, ao invés de grandes senhores; aqueceu-Se com o bafo dos animais e a rudeza das palhas, em lugar de usar ricas vestes e durados braseiros. Nem mesmo quis dar ordem ao frio para que não o atingisse. Num sublime paradoxo, desejava a Majestade infinita apresentar-Se de forma exemplarmente humilde...! Apesar das pobres aparências Aquele Menino era a Segunda Pessoa da Santíssima Trindade.

Feliz Natal!

sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

LIÇÕES DO CATECISMO - 8

Salve Maria! Viva o Menino Jesus!
Desejamos a todos os leitores, bons cristãos e desejosos da Verdade um feliz Natal! O Verbo Encarnado reine em nossas almas, quebrante nossos corações e nos conduza as alegrias celestes... boa leitura! FELIZ NATAL!
Sobre a Graça e os Sacramentos (da iniciação cristã).



III. PARTE

Nossa elevação à vida divina

52ª. LIÇÃO

A graça divina: o mistério de tua grandeza divina

*O que é a graça divina?
         A graça divina é um misterioso dom sobrenatural, concedido por Deus, para vivermos nossa vida cristã e, assim, alcançarmos a vida eterna.

*Não podemos nós, com nossas forças naturais, alcançar a salvação?
         Só com nossas forças naturais, nós não podemos alcançar nossa salvação.

*Quem mereceu para os homens essas graças divinas?
         Foi Nosso Senhor Jesus Cristo que, com sua Paixão e Morte, nos mereceu o tesouro divino das graças que nos alcançam os bens divinos e a salvação.
(Jo 15, 5): “Sem mim nada podeis fazer”.
(Fl 4, 13): “Eu posso tudo naquele que me conforta”.


O Mistério da Graça na vida do homem

*Oferece Deus, nosso Salvador, a todos os homens as graças necessárias para a salvação?
         Sim. Deus, infinitamente bom, sempre oferece a todos os homens as graças necessárias para a salvação.
(1 Tim 2, 4): S. Paulo nos diz com toda clareza: “Deus quer que todos os homens se salvem e que cheguem ao conhecimento da verdade”.     
(Lc 19, 10): “O Filho do homem veio para salvar o que se perdera”.

*Pode o homem resistir às luzes e aos movimentos divinos da graça?
         O homem é livre e, por isso, pode livremente cooperar (ou não cooperar) com os impulsos e as luzes salvadoras da graça.

*O que dizer do mistério da cooperação com a graça, ou da rejeição da graça pelo homem?
         Isso é um dos mais difíceis e mais comoventes mistérios da vida dos homens.
(Salmo 94, 8): O salmista nos exorta: “Se ouvirdes a voz de Deus, não queirais endurecer os vossos corações”.
         Sobre este mistério, lança uma luz benéfica e orientadora a seguinte verdade: Quem coopera com a graça se salva; e quem reza sempre, recebe as forças necessárias para cooperar com a graça”.
(Lc 11, 9): “Pedi e recebereis; procurai e achareis; batei e abrir-vos-á”.
(Lc 19, 41): Jesus chorou sobre Jerusalém e disse: “Quantas vezes eu quis reunir os teus filhos como uma galinha reúne seus pintinhos debaixo de suas asas! Tu, porém, não o quiseste!”


53ª. LIÇÃO

A graça atual: fonte de luzes e forças divinas para a alma

*Quantas espécies nós distinguimos de graças?
Há duas espécies principais de graças:
1º) A graça atual, também chamada com muita propriedade de “graça auxiliar”.
2º) A graça habitual, chamada mais comumente de “graça santificante”. Além disso, devemos mencionar a “graça especial”, a que os sacramentos bem recebidos nos dão um direito sagrado. Por exemplo, quem recebe o batismo, tem o direito a receber graças especiais que o ajudarão a viver como bom cristão.

*O que é a graça atual?
         A graça atual é um auxílio divino que nos é dado para fazer o bem e evitar o mal e, assim, alcançar a salvação.

*Como atua em nós essa graça?
         A graça atual:
1º) ilumina e orienta nossa inteligência, para conhecermos com mais clareza o bem e os valores divinos;
2º) move e auxilia a vontade, para querer o bem e para realizá-lo;
3º) muitas vezes essa graça divina atua sobre nossos afetos, para levá-los mais seguramente para o bem.

*A graça atual nos é necessária?
         Sim, a graça atual nos é necessária.
         Sem a graça, ou seja, sem o auxílio de Deus, não podemos viver a nossa fé, não podemos guardar os mandamentos.
(Jo 15, 5): É nesse sentido que devemos entender as palavras de Jesus: “Sem mim, nada podeis fazer”.


54ª. LIÇÃO

A graça santificante: fonte de vida divina

*O que é a graça santificante?
         A graça santificante é um misterioso dom sobrenatural que nos enriquece com extraordinários bens divinos.
1º) A graça santificante nos comunica, de modo misterioso, a vida divina.
(Jo 10, 10): “Eu – diz Jesus – vim para que eles tenham a vida e a tenham em abundância”.
2º) Nos faz herdeiros do céu.
(Rom 8, 17): “Se somos filhos, somos também herdeiros”.
3º) A graça santificante nos dá o direito sagrado de receber a comunhão, que é o alimento celestial da vida divina em nós.

*Que devemos fazer para viver sempre mais intensamente a vida divina, comunicada pela graça santificante?
         Devemos:
1º) rezar, pois a oração protege e aumenta a graça santificante;
2º) participar da missa e da comunhão, que são os meios por excelência para aumentar em nós a graça;
3º) praticar obras de caridade com boa intenção;  

*Podemos perder a graça santificante – essa vida divina?
         Sim. Infelizmente podemos perder a graça santificante pelo pecado mortal, que destrói a vida divina em nós. “Se alguém não permanecer em mim, será lançado fora como o ramo seco”. Assim nos fala Jesus na linda passagem da Videira e dos Ramos (Jo 15, 1-8).

*Como poderemos adquirir novamente a graça, se a tivermos perdido?
         Recebemos a graça santificante pela primeira vez no batismo. Caso a perdermos, podemos readquiri-la principalmente, pelo sacramento da penitência.

A graça santificante: traz-nos riquezas divinas

*A graça santificante traz merecimentos especiais para nossas boas obras?
         Sim. As nossas boas obras, feitas com reta intenção e em estado de graça, nos alcançam:
1º) o aumento da graça santificante;
2º) novos merecimentos para o céu;
3º) além disso, nos alcançam novos auxílios divinos para nossa santificação.
(Mt 5, 12): “Ficai alegres e contentes, porque vossa recompensa é copiosa no céu!”.
(Mt 6, 1 e sg.): Nessa passagem, Jesus nos ensina a fazer as boas obras por Deus, e não por ostentação, para termos merecimentos no céu.

*E nossas boas obras, feitas em estado de pecado mortal, não nos alcançam merecimentos e graças divinas?
         Essas boas obras têm muito valor perante Deus, pois alcançam a graça da conversão, embora não nos alcancem merecimentos para o céu.


55ª. LIÇÃO

Os Sacramentos: as grandes fontes da graça divina

*O que são os sacramentos?
         Os sacramentos são os meios externos e sensíveis com que a Igreja nos confere graças divinas.

* Quem instituiu os sacramentos?
Foi Nosso Senhor Jesus Cristo que instituiu os sacramentos e os entregou à igreja, para que ela mantivesse abertas, para os homens, essas fontes das graças da redenção.

*Quem administra os sacramentos?
Quem administra os sacramentos são os ministros da Igreja. Mas quem nos comunica a graça é Jesus Cristo, que mereceu essas graças por sua paixão e morte.

*Quantos e quais são os sacramentos instituídos por Nosso Senhor?
São sete:
1.    Batismo
2.    Confirmação.
3.    Eucaristia
4.    Penitência
5.    Unção dos enfermos
6.    Ordem
7.    Matrimônio
A prova dessa importante verdade, nós a temos na Escritura e na doutrina da igreja.

*Quais são os elementos constitutivos dos sacramentos?
Os elementos constitutivos, portanto, necessários, dos sacramentos são dois: o sinal ou elemento externo e a graça que é comunicada.
1º) O sinal, ou elemento externo, é enriquecido com cerimônias organizadas pela igreja.
2º) A graça divina, que é comunicada. Como somos criaturas compostas de corpo e alma, Cristo quis unir a doação da graça a um sinal externo. Recordemos como Jesus realizou quase todos os milagres com palavras e ações externas. Por exemplo: (Jo 9,6 sg): Cura do cego de nascimento: “Jesus fez barro com saliva e untou os olhos do cego e disse-lhe: Vai, lava-te na piscina de Siloé! Ele lavou-se e voltou vendo”.
Assim também (Mc 7, 33 sg.) e outros milagres.

*Qual é, no plano da redenção, a grande finalidade dos sacramentos?
1º) Conferir a vida divina, como o batismo e o sacramento da penitencia.
2º) Aumentar e fortalecer essa vida divina. São, por isso, verdadeiramente as maravilhosas fontes da graça divina.

.Quantas vezes podem ser recebidos os sacramentos?
O batismo, a confirmação e a ordem podem ser recebidos uma só vez, porque imprimem um caráter, i.é, porque imprimem uma realidade sagrada permanente. Vejamos essa passagem de S. Paulo: (2 Cor 1,21 sg.): “ Foi Deus que nos ungiu, que nos marcou com seu sigilo, e como penhor, infundiu o Espírito em nossos corações”. Os outros sacramentos podem ser recebidos mais vezes. Por isso devemos aproveitar as graças que jorram dessas fontes de vida divina.


56ª. LIÇÃO

O Batismo

*O que é batismo?
         O batismo – que é o primeiro sacramento – nos faz renascer da água e do Espírito Santo. Pelo batismo, renascemos para a vida divina.
*Que graças nos confere o santo sacramento do batismo?
         O batismo nos confere as graças seguintes:
1º) nos purifica do pecado original e de outros pecados pessoais, se os houver (batismo de adultos);
2º) nos confere a graça santificante, que nos faz filhos de Deus, herdeiros do céu, irmãos uns dos outros e membros da Igreja;
3º) imprime em nós caráter sagrado de cristãos;
4º) nos dá um direito sagrado à graça sacramental que nos ajudará a viver como filhos de Deus, irmãos de Cristo e irmãos dos nossos irmãos.

*Quem é o autor do Batismo?
         O autor do Batismo é Nosso Senhor Jesus Cristo, que o instituiu com as solenes palavras seguintes: “Ide e ensinai todos os povos e batizai-os em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo”.

*Por que devemos estimar muito o santo sacramento do batismo?
         Devemos estimar muito o santo sacramento de batismo porque é o mais importante. Jesus fala sobre o batismo com a seguintes palavras: “Em verdade, em verdade, eu vos digo: quem não renascer pela água e pelo Espírito Santo, não pode entrar no Reino de Deus”.

*Por que ordena a Igreja que os batizandos tenham padrinho e madrinha?
         Essa lei da Igreja ensina seriamente o grave dever de zelar pela instrução e formação religiosa do batizando. Por isso os não-católicos, os hereges e inimigos da Igreja não podem ser padrinhos.

* O que significa as expressões: “batismo de desejo” e “batismo de sangue”?
       A Igreja ensina que o sincero desejo de ser batizado, alcança – para quem não pode ser batizado – a graça santificante e a salvação.
( Mc 8, 35): “Quem perder a sua vida por causa de mim e do Evangelho, salvá-la-á.
Os “Santos Inocentes” e muitos outros santos mártires nos falam claramente dessa doutrina da Igreja.

*Quem é o ministro do batismo?
         O ministro ordinário do batismo é o sacerdote.

*O que significa batismo em caso de necessidade?
         A igreja nos ensina o seguinte: em casos de necessidade, qualquer pessoa pode e deve batizar.
         Essa doutrina nos revela a vontade divina de salvar os homens.
         Por isso, os cristãos, devem ser instruídos com toda clareza sobre esse ponto e, além disso, deve-se instruir o povo cristão com insistência sobre a grave obrigação dos pais de batizarem seus filhos, o mais cedo possível.


57º. LIÇÃO
                       
A confirmação ou crisma.

*Que graças nos alcança o sacramento da confirmação, ou crisma?
A confirmação nos alcança grandes e preciosas graças:
1º) Nos enriquece com os Dons do Espírito Santo,
2º) Nos da graças para sermos cristãos adultos e nos ajuda a praticar e defender nossa fé,
3º) Nos da o espírito de apostolado em favor de nossos irmãos,
4º) E imprime em nós o caráter de defensores da nossa fé, na luta com Cristo pelo reino de Deus.

*O que são os Dons do Espírito Santo?
São graças especiais que:
1º) Nos iluminam mais profundamente com luzes divinas, para compreendermos melhor as verdades reveladas;
2º) Nos fortalece, para praticarmos mais generosamente a doutrina de Jesus, mesmo a doutrina da cruz;
3º) E enobrecem nossos sentimentos e nossa vida afetiva, orientando-nos assim para Deus.

*Quais são os Dons do Espírito Santo?
Os Dons do Espírito Santo são: sabedoria, inteligência, conselho, fortaleza, ciência, piedade e temor de Deus.

*Qual é o ministro da confirmação?
O ministro ordinário da confirmação é o bispo; ministro extraordinário é qualquer sacerdote, que tenha delegação especial.

*Como se administra o sacramento da Crisma?
O bispo impõe a mão, faz a unção com o santo crisma dizendo: “Recebe por este sinal o dom do Espírito Santo” .

* Qual é outra cerimônia característica da confirmação?
É essa: O bispo traça um sinal da cruz na fronte do crismando e, em seguida, bate levemente no rosto dele, para simbolizar que o cristão deve professar, feliz e generoso, sua fé em Cristo, o Cristo crucificado, e deve estar disposto ate sofrer ofensas e afrontas por causa da fé.

*Qual é a preparação exigida para receber esse sacramento?
1.    A idade mais indicada é adolescência.
2.    Recomenda-se, alem disso, que haja uma solida instrução religiosa. O atender a esses dois requisitos contribui eficazmente para formação de uma juventude mais conscientizada e firme na fé.
*Qual a finalidade dos padrinhos ou madrinhas?
Os padrinhos ou madrinhas têm uma finalidade e função análoga aos padrinhos do batismo, i. é, colaborar na formação religiosa dos afilhados.


58º. LIÇÃO

A santíssima Eucaristia

*Quais os mistérios indicados sob a designação de eucaristia?
São três grandes mistérios:
1.    O mistério da presença real.
2.    O mistério do Santo Sacrifício da Missa.
3.    O mistério da Sagrada Comunhão.
O mistério da presença real

*O que é o mistério da presença real?
É o mistério profundo que nos revela que Jesus Cristo está realmente presente de baixo das espécies de pão e vinho consagrados.

* Essa presença é verdadeiramente uma presença real, ou somente uma presença simbólica?
A presença de Jesus na eucaristia é – como nos ensina a fé – uma presença real e verdadeira. Jesus Cristo esta presente nesse adorável sacramento com seu corpo, sangue alma e divindade, tão real e perfeitamente como no céu. Enunciando esse mistério, nós enunciamos um dos mais profundos mistérios: “Eis o mistério da fé!”

*Em que fontes sagradas se funda a nossa fé nesse mistério?
Nossa fé se funda:
1º) Nas palavras solenes, claras e firmes, com que Jesus fez a promessa desse mistério.
(Jo 6,48-51): Desse capítulo 6, destacamos somente:
(6,48): “Eu sou o pão da vida...”
(6,51): “Eu sou o pão vivo que desci do céu. Quem comer deste pão viverá eternamente. E o pão que Eu hei de dar é a minha carne para a salvação do mundo”.

2º) Nossa fé se funda nas palavras da instituição da eucaristia, na Última Ceia: “Tomai e comei. Isto é o meu corpo que vai ser entregue por vós. Fazei isto em memória de mim” (Lc 22,19).
“Este cálice é a nova aliança em meu sangue que é derramado por vós...” (Lc 22,20).
Ler toda a narrativa da Última Ceia: (Lc 22,27-20;  Mt 26; Mc 14).

3º) Nossa fé se funda na pregação dos apóstolos – pregação confirmada pelo martírio.

4º) Nossa fé se funda no ensino multi-seculaar da Igreja – ensino iluminado pela santidade dos fiéis alimentados pelo “pão da vida”.

*Qual é a importância das palavras de Jesus, dirigidas aos apóstolos: “Fazei isso em memória de mim”?
Com essas palavras, Jesus deu aos apóstolos e a seus sucessores o poder divino de mudar – como Ele o fez – o pão e o vinho em seu corpo e em seu sangue. Mistério esse que se realiza na Missa.

*Quais foram as misteriosas razoes que levaram Jesus a instituir a sagrada eucaristia?
Nosso Senhor Jesus Cristo instituiu a sagrada eucaristia por grandes e divinas razões:
1º) Cristo, em seu infinito amor, quis ficar conosco.
2º) Quis ser o misterioso alimento divino de nossos corações divinizados pela graça.
3º) Jesus quis continuar na missa, de modo místico, através dos séculos, o sacrifício redentor da cruz, que é o mais sublime cântico dos cânticos do amor de Deus para com os homens. Só a fé, que nos faz compreender o mistério do Calvário, nos faz compreender o mistério da eucaristia.

A sagrada comunhão: nosso alimento divino

*O que nos ensina a fé sobre a comunhão?
                                             
A fé nos ensina que, quando recebemos a comunhão nós recebemos, como alimento divino, o corpo e o sangue de Jesus Cristo, misteriosamente oculto a nossos sentidos.

*Comungando só debaixo de uma espécie, recebemos realmente o corpo e o sangue de Jesus Cristo ?
Sim. Porque Jesus Cristo está realmente debaixo de cada uma das espécies eucarísticas.
(Jo 6,52): “Quem comer deste pão, viverá eternamente”.

*Quais são os misteriosos efeitos da sagrada comunhão?
As grandes graças que a comunhão nos concede são:
1º) A misteriosa união de Jesus conosco e por Ele, com o Pai e com nossos irmãos.
2º) A comunhão alimenta a vida divina, a vida da graça que recebemos no batismo.
3º) Conceder-nos forças especiais para viver e agir como filhos de Deus e como nossos irmãos.
4º) Guarda nossa alma para a vida eterna.
(Jo 6, 54): “Quem come minha carne e bebe meu sangue, tem a vida eterna e eu o ressuscitarei no último dia”.

*Quando devemos comungar?
A igreja prescreve a sagrada comunhão pelo menos uma vez por ano, pela páscoa. Mas é desejo insistente da igreja que comunguemos com frequência, e até diariamente.
E esse é também o desejo de Jesus expresso com divina seriedade:
(Jo 6,54): “Em verdade, em verdade, Eu vos digo: se não comerdes a carne do filho do Homem e se não beberdes o seu sangue, não tereis a vida em vós”.

Piedade e Liturgia para a digna recepção da Sagrada Comunhão

*Quais são as mais importantes disposições para comungar bem?
São as seguintes:
1º Estar em estado de graça, i.é, não ter pecado mortal.
2º Observar o jejum eucarístico, i.é, estar em jejum pelo menos uma hora antes da comunhão.
3º Fazer uma piedosa preparação, como seja, fazer atos de fé, de esperança e de amor.
4º Participar da missa com fé e devoção é a mais excelentes das preparações.
5º Apresentar-se à comunhão com o maior respeito externo – atitude e traje – e com mais nobre piedade.

*É pecado comungar em estado de pecado mortal?
Sim. Comungar conscientemente em estado de pecado mortal é um triste sacrilégio e nos traz grandes males.
São Paulo nos exorta: “Examine-se a si mesmo o homem e assim coma deste pão e beba deste cálice”. (1Cor 11,28).
 É também de S. Paulo essa palavra: “Todo aquele que comer deste pão e beber o cálice do Senhor indignamente, será réu do Corpo e do Sangue do Senhor.

* Há algumas disposições atuais a respeito da sagrada comunhão?
Sim.                          
1º) Quanto a comungar ajoelhado ou em pé; comungar na mão ou na boca: observem-se as disposições das diversas dioceses. Quando se comunga na mão – atender, com cuidado, aos fragmentos.
2º) O mais importante é que tudo se faça com máximo espírito de fé e piedade.

O Santo Sacrifício da Missa

*O que quer dizer sacrifício?
         Sacrifício é um dom, um bem, uma oferta, que nós oferecemos a Deus para reconhecer, por esse dom, que Ele é o Senhor de todos os bens que nós possuímos.

*Qual é o grande sacrifício que Jesus ofereceu pelos homens?
         O sacrifício de valor infinito que Nosso Senhor Jesus Cristo ofereceu pelos homens e pela sociedade, ao começar o Novo Testamento, foi o imolar-se por nós no altar da cruz.

*Por que sacrificou Jesus sua vida no altar da cruz?
         Jesus sacrificou sua vida no altar da cruz:
1.º) para nos purificar dos nossos pecados;
2.º) para no alcançar as graças necessárias para nossa salvação.

*Qual é a relação entre o sacrifício da missa e o sacrifício da cruz?
         A fé nos ensina que a missa é a misteriosa, incruenta e essencial renovação do sacrifício da cruz.
         O profeta Malaquias anunciou, em grande visão, a missa como o grande sacrifício, celebrado em todo o mundo e em todos os séculos. (Mál 1, 11).

*Em que se realiza a identidade do sacrifício da cruz e da missa?
         O mesmo Jesus que se ofereceu por nós no sacrifício da cruz é quem se oferece por nós na missa.

*Qual é a diferença entre o sacrifício da cruz e da missa?
         1.º) Na cruz, Jesus Cristo se ofereceu e se imolou por si mesmo, derramando seu sangue;
         2.º) Na missa, Jesus se oferece, pelo ministério dos sacerdotes, de forma incruenta, i.é, sem derramar o seu sangue.
(Lc 22, 19): “Fazei isto em memória de Mim”.
(1 Cor 10, 16 sg.): “O cálice da bênção que nós consagramos não é a comunhão do sangue de Cristo? E o pão que nós partimos não é a participação do corpo do Senhor?”

*Quando instituiu Jesus o santo sacrifício da missa?
         Jesus Cristo instituiu o santo sacrifício da missa na Última Ceia, na 5.ª Feira Santa, dando aos apóstolos o poder sacerdotal e ordenando-lhes que renovassem a imolação e o sacrifício de seu corpo e seu sangue.
(Lc 22, 29): “Fazei isto em memória de Mim.”

*Quais são os valores imensos da missa para os homens?
         A missa é o grande sacrifício latrêutico, eucarístico, propiciatório e impetratório que Cristo nos outorgou.
         Sacrifício latrêutico, i.é, com Cristo nós adoramos a Deus.
         Sacrifício eucarístico, i.é, com Cristo nós agradecemos a Deus.
         Sacrifício propiciatório, i.é, com Cristo nós oferecemos a Deus reparação e pedimos perdão de nossos pecados.
         Sacrifício impetratório, i.é, com Cristo nós pedimos graças e bênçãos divinas.
         Unidas assim a Cristo, as orações da Igreja e nossas orações assumem grandeza e valores divinos e, em certo sentido, infinitos. Daí as palavras de S. Paulo: (Hebr 4, 16): “Aproximemo-nos cheios de confiança do trono da graça”.

A Liturgia da Missa

*Como devemos participar do santo sacrifício da missa?
         Sempre com os mais profundos sentimentos de fé e devoção, pois na missa se renovam misticamente os sofrimentos e a morte de Jesus, nosso santíssimo Redentor.
         É muito profunda e comovente a palavra: “Em nossos altares todos os dias é Sexta-feira Santa”.

*Poderia a missa dominical ajudar a resolver as grandes questões sociais?
         Sem dúvida. Pois a missa reúne, de um modo único e divino, a família de Deus, e pela sagrada comunhão nos recorda que todos, grandes e pequenos, ricos e pobres, todos somos irmãos em Cristo.

*Poderá igualmente a missa ajudar a resolver a questão e o problema vocacional, que é um problema gravíssimo?
         Sim. E por várias razões:
1.º) A missa bem compreendida e vivida pelos jovens é  a divina e máxima motivação da vocação sacerdotal. É a mais autêntica motivação e, por isso, a mais decisiva.
2.º) A missa piedosamente participada é a mais animadora força para o jovem aspirante.
3.º) A missa piedosamente celebrada é a mais eficiente força formadora do sacerdote educador: subir o Calvário com Cristo, e com Cristo, no Calvário, realizar a redenção do mundo, a salvação dos nossos irmãos.

*Como está organizada a liturgia da missa?
         A missa, o grande ato sacrifical, tem as seguintes partes litúrgicas:
I. Orações preparatórias.
II. A liturgia da palavra, que inclui leituras da Sagrada Escritura e a homilia, ou seja, uma prática explicativa.
III. O ofertório, no qual se faz a oferenda do pão e vinho.
IV. A oração eucarística cuja parte essencial é a Consagração, na qual se realiza o profundíssimo mistério da transubstanciação, momento divino no qual o pão e o vinho são transformados no Corpo e Sangue de Cristo.
V. A comunhão, que é a participação mais perfeita dos fiéis.
VI. E os ritos finais.

*A quem oferecemos o sacrifício da missa?
         A missa, como sacrifício divino, é oferecido essencialmente a Deus. Podemos, porém, fazer piedosa comemoração da Santíssima Virgem e dos santos: expressão linda da comunhão dos santos em Cristo, por Cristo e com Cristo.

*Podemos rezar a missa pelas almas?
         Sim. A Igreja nos ensina, pela liturgia, essa verdade. Na missa, podemos oferecer principalmente o valor expiatório da missa pelas almas do purgatório.

*Devemos assistir a missa todos os domingos?
         Sim, como determina o primeiro mandamento da Igreja. A grandeza divina desse sacrifício e a eficácia divina da missa, como fonte de graças, nos deveriam além disso, como que impelir a uma frequência assídua. O amor de Cristo manifestando nesse mistério nos obriga a estimar sagradamente a missa.